Imagem arquivo pessoal
Le.Sete: Como o senhor analisa a forma com que foram aplicados os recursos do pacto por SC, neste governo ao qual o seu partido participa?
Paulo Bauer: Primeiro é preciso explicar que o PSDB não participa do atual governo. Dois deputados filiados ao partido aceitaram o convite do governador e estão contribuindo. Mas foram escolhas pessoais. Sobre o Pacto por SC, um programa de Governo reunindo obras e aquisições. Avalio que esteja tendo limitações nos seus resultados efetivos, talvez em função da situação econômica do país e do estado, pois matérias jornalísticas publicadas na imprensa catarinense dão conta que este principal programa de investimentos da gestão do governador Raimundo Colombo (PSD), em 2017 completa cinco anos com 38% das obras concluídas e 43% em andamento, segundo dados do governo do Estado.
Le.Sete: É notório que, quem vencer a eleição em 2018 pegará um estado endividado ao extremo. É nítido que esse modelo onde se endividar para investir, com uma estrutura pesada, onerosa e desgastada está completamente ultrapassado. Neste panorama, como o próximo governador vai governar sem dinheiro? e na prática, terá ele coragem de fazer as mudanças pelas quais Santa Catarina realmente precisa?
PB: O próximo governador terá de fazer um efetivo compromisso de gestão com a sociedade catarinense, implantando programas com vieses inovadores destinados a transformação do Estado, com uma gestão eficiente nas áreas da Saúde, Segurança, Educação e o Desenvolvimento Econômico. Ele terá de valorizar o servidor público, auxiliar as prefeituras municipais na mobilidade urbana e infraestrutura, se preocupar com a inclusão social, com a defesa do meio ambiente, o incentivo ao turismo, apoio às empresas de tecnologia e as pequenas e microempresas, entre muitos outros itens a serem tratados.
Deverá propor uma redefinição da partilha da arrecadação dos tributos federais, defender uma política industrial para o carvão mineral, a concessão pelo Governo Federal das ferrovias para o escoamento da produção da agroindústria e interligação dos postos catarinenses, a instalação de unidades de regaseificação de gás natural no litoral catarinense, entre outras ações a serem discutidas com as entidades patronais catarinenses.
Le.Sete: Sobre a falta de autonomia das ADRs, o que o futuro governador deverá fazer em relação a isto? Pelo tamanho da despesa que geram, não seria de bom alvitre extingui-las? Inclusive, já tem-se notícia de um projeto de lei (nº 0218.6/2017) que dispõe sobre a extinção das ADRs. Este é o caminho, devido a inoperância?
PB: Eu considero que nós temos que ter atividades do governo em todas as regiões. O nome que se dá não tem qualquer importância, mas o que se precisa é ter uma ação efetiva do governo no sentido de articular com as prefeituras municipais, com as entidades representativas e também com os órgãos públicos que têm a estrutura técnica apropriada, um trabalho que permita o desenvolvimento de todas as regiões.
Le.Sete: Certa vez, fui em uma reunião, na primeira eleição do Colombo ainda, e este perguntou para a plateia que o assistia: "o que fazer para desenvolver a região do contestado? Afinal, nem ele saberia responder tal pergunta." Achei um absurdo! Pois bem, passaram-se quase 8 anos e a região continua praticamente como era, lá em 2009. Então te pergunto: o que fazer para a nossa região se desenvolver, já que é uma das piores nos índices? Para torná-la mais atrativa e gerar mais empregos também?
PB: O governo do estado deve atuar na atração de empresas para a região, principalmente as do ramo da tecnologia, que trazem alto valor agregado, oferecem oportunidade para a juventude da região, evitando assim o histórico processo de “litoralização”. Também avalio que..
Le.Sete: Quanto a ferrovia do frango, qual a sua opinião?
PB: A ferrovia leste-oeste é essencial para o escoamento da produção das agroindústrias do Oeste e Extremo-Oeste aos portos do litoral, quanto para trazer a produção das indústrias do norte catarinense e do litoral. E, também para trazer insumos necessários para a agroindústria catarinense. É uma obra que depende de investimento federal, pela qual tenho cobrado ação de Brasília. A bancada catarinense e o próximo governador precisam aumentar o empenho. Vejo nessa obra uma excelente oportunidade para uma parceria público-privada.
Le.Sete: Meses atrás recebi um vídeo, gravado em frente a secretaria de saúde, onde um cidadão catarinense, revoltado, esbravejava sobre a falta de medicamentos para os doentes de câncer. Ele gritava para o governador Raimundo Colombo, dizendo que o estado estaria no fundo do poço. O que tens a dizer sobre isto?
PB: A questão da saúde é muito ampla e a crise tem origem muito tempo atrás. É causada principalmente pela ausência histórica do governo federal tanto em investimentos quanto na questão do SUS.
Le.Sete: Fraiburgo anda sofrendo e muito com a falta de segurança. O governador Colombo até contratou mais policiais, no entanto, mesmo assim a cidade não vê reação contra a bandidagem. Percebe-se que, aqui, temos poucos policiais, poucas viaturas e em estado precário, pouco armamento, enfim, é quase caótica a situação. Como o Senador vê essa situação? que imagino eu, não depende somente de mais policiais e não acontece somente em Fraiburgo.
PB: Esse problema, infelizmente, ocorre em todas as regiões de SC. O crime organizado se instalou e os investimentos no setor nunca foram suficientes. Mas é preciso continuar promovendo concursos públicos, aumentar investimentos em inteligência e tecnologia. Por outro lado, é necessário implementar ainda mais a educação e a geração de empregos e renda, garantindo a cidadania da população. Essas, sem dúvida, apesar de básicas, são ações contundentes para o combate ao crime.