sábado, 27 de maio de 2017

FOI FÁCIL!



Na madrugada do dia 30/3, Fraiburgo viveu suas horas de desespero e junto, sua noite de cangaço, tudo porque fomos alvos de mais um mega assalto. Assim, o Banco do Brasil foi invadido por 8 marginais que literalmente, o destruíram, para depois limpar seu cofre. Toda a ação foi registrada por câmeras de segurança. Pelo jeito, ninguém escapa e daqui para frente poucos escaparão destas investidas criminosas. Todavia, para quem viveu isso de perto, foi um terror!

Ademais, calmamente, homens encapuzados e fortemente armados surgiram do nada e com total domínio da ação, estacionaram seu carro (furtado) em frente ao banco, desceram com tranquilidade com seus fuzis, estabeleceram-se em posições estratégicas e começaram seu trabalho cinematográfico. Dezessete minutos, este foi o tempo que levaram para roubar e olha que ao final, o porta-malas quase foi pequeno para tanta mala cheia. Sem ocorrência de vítimas fatais, foram 17 minutos aos quais eles mandaram na cidade.

Aconteceu mais ou menos igual aqueles grandes assaltos que vemos diariamente na TV cujo apresentador Datena esbraveja, em seu programa, dizendo: "nós não temos segurança em nenhum lugar deste país" ou "os bandidos estão mandando no Brasil".

Quem assaltou essa agência é super organizado. Impressionante, mas os ladrões chegaram e como se estivessem fazendo seu trabalho, aquele que sustenta seus familiares, dispararam alguns tiros para o alto e com alguns gritos de ameaça, encurralaram todo mundo. Poucos ousaram em por a cara na janela. O que restou? rezar. Findado o serviço, eles sumiram, outrossim, deixaram muitas polêmicas no ar.

A polícia, constatando a desigualdade de condições não optou pelo confronto, in loco, sendo que limitaram-se em assistir pelas câmeras de segurança. Para muitos, isso foi o correto, mas para outros, teria sido a vitória dos marginais perante o estado. Sem dúvidas, caso a gloriosa PM pensasse em entrar nos carros, para entrar em confronto com a bandidagem, seriam recepcionados a muita bala e de grosso calibre. Então, eles teriam condições para isto? 

No dia seguinte ao evento, ouviu-se de tudo. Um policial ao qual mora perto, relatou sua total impotência, perante a barbárie. Um comerciante comentou que: "eles vêm para fazer a parte deles, para matar ou morrer e basta ninguém se intrometer, que tudo ocorre tranquilamente. Parece até que se divertem assaltando". A maioria dos depoimentos defendeu a permanência da polícia na central, porém, alguns alegaram a falta de comprometimento da mesma com a comunidade. Uma senhora relatou: "uma mãe nunca aconselharia seu filho policial a enfrentar, sem condições, este tipo de situação". 

Na real, a principal preocupação foi com a incolumidade social e na iminência de qualquer ação, um policial sempre deve fazer-se uma pergunta básica: o porquê? Por que ir para o combate? se o contingente é limitado, sendo que eram somente 3 PMs contra sei lá quantos bandidos na surdina? Por que, ir para o confronto se o armamento é fraco? Por que trocar tiros, se poderiam ferir cidadãos de bem? Por questões morais, o militar não gosta de sucumbir em uma missão. Então, combater de que jeito? Mas também, não adianta sair agindo com truculência, quando se tem fraqueza do outro lado. São dois pontos diferentes, dos mesmos por quês.

Diante disso, pode-se debitar o acontecido a um conjunto de fatores tais como: a falência moral/política do Brasil, o desemprego, a lei branda, os presídios lotados, a diferença abissal entre pobres e ricos, o crescimento de organizações criminosas e a falta de investimentos. É isto que leva a sociedade a ficar de mãos atadas. 

Mas, e os bancos? por que os bancos não reforçam a sua segurança? Não seria do seu interesse? cuidar dos seus clientes, do patrimônio e enfrentar este tipo de situação!? Poderiam alegar que, caso adotassem o confronto direto, seria uma tragédia. Então, como diria Celso Russomano: "estando bom para ambas as partes", no caso, bandidos, polícia, bancos e a população, fica tudo como está, e o seguro que se defenda. Mas mesmo o seguro, cai na conta de alguém, alguém paga por esse bagaça.


Enquanto as coisas não mudarem, não adianta ter a coragem do ator Charles Bronson, ou a visão de Wild Bill Hickok, bravo xerife norte-americano ao qual se envolvia no século 19 em vários tiroteios ou a visão da famosa "Jane Calamidade", mulher aventureira, se quando a bala canta, não há como enfrentar. Policial pensa antes de atirar, já o bandido, o bandido se esconde atrás do cidadão de bem e atira em que vê na frente. Também não adianta o policial descarregar seu ódio, muitas vezes, quando pega um ladrão de galinhas. 

ENTREVISTA COM O SEGUNDO TENENTE, MARCOS CASTRO

Le.Sete procurou o comando da Polícia Militar de Fraiburgo, o Segundo Tenente Marcos Castro e este explicou melhor a situação.

Le.Sete: Por que a polícia optou em não enfrentar os bandidos, durante a ação?
Segundo Tenente, Marcos Castro: neste tipo de assalto, dentro da Polícia, nós temos um padrão para agir. A PM tem o procedimento certo a ser feito, para cada situação fática que acontece. É assim na aplicação da Lei Maria da Penha, no caso de tráfico de drogas e também neste tipo de assalto a banco, com uso de armamento ou não. Para cada situação destas e muitas outras, tem-se um tipo de abordagem. No caso de assalto a banco, são dois procedimentos. Havendo capacidade numérica para o confronto e um armamento mais leve, em poder dos marginais, a polícia vai sim para o confronto. Já na situação do dia 30, aconteceu ao contrário disso, houve um grande número de bandidos, aproximadamente 8, com uso de armamento pesado, e nós estávamos somente em 3 policiais. Neste caso, o procedimento a ser adotado, é a cautela. Assim, não enfrentamos os meliantes, não por covardia, mas sim por vários fatores, por estarmos em menor número do que eles, por ser uma região central, cuja a troca de tiros com armas longas poderia atingir gente inocente. 

Le.Sete: a polícia simplesmente ficou olhando então?
Segundo Tenente, Marcos Castro: claro que não. Naquela situação nós não atuamos no local, mas enquanto o assalto acontecia acionamos o cerco nas cidades vizinhas.Todavia, eles conseguiram fugir por alguma estrada do interior. 

Le.Sete: quais os problemas que a PM enfrenta?
Segundo Tenente, Marcos Castro: sem dúvidas o déficit de policiais é nosso maior problema, precisávamos de no mínimo o dobro do efetivo. É claro que a PM enfrenta outros problemas, mas em hipótese alguma nos falta vontade em combater o crime, nem nos falta armamento.

Le.Sete: ouviu-se muita coisa a respeito da polícia não enfrentar os bandidos neste assalto ao Banco do Brasil. Muitos dando razão à PM em não enfrentar, pois é notória a diferença, entretanto, algumas criticas foram inevitáveis. Teve gente falando que hoje a pessoa procura o cargo de policial, mais pelo salário do que pela vocação e esquecem de que o principal combustível para estes homens e mulheres, é a coragem. O que o senhor tem a dizer disso?
Segundo Tenente, Marcos Castro: isto não procede. Todo policial passa por um longo e peculiar treinamento e quem não leva jeito para a coisa, não aguenta e abandona. O treinamento já filtra isto. 

Le.Sete: a polícia deve ser procurada diuturnamente, por qualquer coisa. Como vocês lidam então com essa enxurrada de ocorrências e a falta de soldados?
Segundo Tenente, Marcos Castro: toda a ocorrência tem atendimento. Não há essa ou aquela situação diferente para o estado. Mas é notório que temos, no Brasil, um problema sério. Nossa legislação é atrasada, temos carências notórias nos pilares sociais, também. Com isto, o cidadão de bem tem de torcer para que a polícia consiga prender o bandido, aí, torcer para que a Polícia Civil consiga fazer seu papel investigando, torcer que o MP denuncie e que o juiz aplique a lei que por sinal é atrasada. Isso tudo demora muito. Nossa lei é muito branda.

Le.Sete: é a favor da legalização das drogas?
Segundo Tenente, Marcos Castro: sou contra. Não adianta comparar o Brasil com outros países. Não adianta achar que liberando a droga o estado vai lucrar, os índices de violência vão baixar, isto é falácia, pois o crime migra. Sair do tráfico, não encerra o crime.