Nicolau Maquiavel, nos anos 1500, já
dizia que para prosperar precisa-se de virtú e fortuna. Em sua tese de governo,
ele emprega o uso da palavra virtude no sentido de trabalho, no uso de
estratégias, para sobrestar as dificuldades. Quanto ao termo fortuna, para o
filósofo italiano, é uma questão de sorte! A dialética sobre este tema seria capaz
de explicar o sucesso ou o fracasso de projetos de poder. Então, é com
este pensamento europeu do final da idade média que tenta-se definir a atual
situação de Fraiburgo. Mas, Maquiavel, muitas vezes usava a virtú de modo contestável.
Uma cidade é uma coisa bem
complicada. Diante disso, a vejo como um local ao qual pessoas se sentem
atraídas para ali se instalarem, saindo do “conforto” de onde estão, mas que
muitas vezes já deu o que tinha de dar, para pegar a estrada rumo a um futuro
melhor. Este é o vai e vem ao qual se criam ou se extinguem cidades pelo mundo.
Assim, por maior que seja, nunca um município deve perder sua magia, pois corre
o risco de cair no esquecimento. Lembre-se, que, a reconstrução é muito mais
difícil do que o começo, por conta do fator psicológico, e a hora de se
consertar um telhado é no tempo seco, nunca enquanto chove.
A título de comparação, Detroit, nos
EUA, é um exemplo claro de fracasso econômico. Próspera no século passado,
foi considerada a capital automobilística do planeta. Agora, em 2017, devido a concorrência
dos produtos japoneses e coreanos e por suas várias administrações públicas
desastrosas, a cidade está lutando para voltar a ser o que era. Que sirva de
lição. Aliás, o polêmico e recém eleito, Donald Trump, presidente da nação
mais poderosa do mundo, louco ou não, alcançou os píncaros da glória prometendo
uma América grande de novo. Para isto, Trump foca sua artilharia verbal e suas
ações bem no ego do seu povo e principalmente no fortalecimento de suas
instituições econômicas. Dentro dos seus portões, ele puxa a brasa somente para
o seu assado.
Em se tratando de Fraiburgo, esta
teve seu “boom” econômico no final do século passado, também. Foi nesta época
que empreendedores acreditaram nesta terra e aqui investiram, ao final,
forneceram belos frutos principalmente maçã. Mas ao longo do tempo, algo não
ocorreu como alguns pensavam e quando a maçã não encheu mais tantos
"bins" como anteriormente, entendeu-se que houve-se um erro estratégico.
Aprendemos, a duras penas, que em matéria de economia nunca se deve colocar
todos os ovos, em uma única cesta. Mas algo está mudando.
Grandes empresas perderam muito do
seu capital, mas não perderam sua a importância. Empresas como Trombini e
Fischer, as maiores por aqui, continuam intocáveis e ainda são os carros
chefes, todavia, uma nova safra de empreendedores vem crescendo, com uma nova
dinâmica. Empresas como a Polpa Brasil, geram boa parte dos empregos na cidade
e são as nossas apostas para o futuro. Ao final, todas sem exceção são importantes tanto as pequenas como as médias e grandes empresas.
Le.Sete então listou e entrevistou
alguns empreendedores, em seus diversos ramos, aos quais abraçaram a causa.
Muitas vezes caindo e levantando ou guerreando contra às cassandras que só piam
agouro, estas empresas são 100% fraiburguenses e fortes. Levando-se em conta a
responsabilidade das suas decisões, neste mundo competitivo, sem dúvidas, são
eles que carregam a virtú e a sorte para manter nossa chama acesa.
Industrial Jair
Fundação
Jair Almeida Junior é CEO da
empresa. Ele comanda de perto os destinos daquilo que foi iniciado no ano
de 1995 por seu pai, Sr. Jair Ferreira de Almeida, após aposentar-se na
empresa Trombini, Hoje a empresa conta com 37 empregos diretos;
Produtos
Discos e cones para refinação de
massa de papel e celulose;
Peças e componentes para indústria de
celulose e papel;
Recuperação de peças e equipamentos
do ramo industrial;
Mercado
40 a 50% da produção destinada a
exportação (USA e Europa)
Capacitação dos seus funcionários
Grande parte dos treinamentos são
feitos internamente, devido ao nível técnico de fabricação dos produtos e
também por serem peças específicas. Porém, a vinda de instituições como SENAI,
IFC e universidades estão sendo de grande valia, para a especialização e
capacitação da mão de obra na cidade de Fraiburgo
Dificuldades que enfrentam
Para Jair Júnior: "ser
empreender no Brasil é uma grande dificuldade, devido à enorme burocracia. Quem
exporta sofre ainda mais ainda, pois o sistema é subjetivo e arbitrário. A
alta taxação nos produtos e a mão de obra dificultam as vidas dos empresários e
cidadãos, pois as empresas são obrigadas a repassar os impostos e taxas em seus
produtos, ocasionando uma “extorsão” ao consumidor final em função destas taxas
embutidas. O Brasil tem uma das taxas de juro mais altas do planeta,
dificultando assim os investimentos necessários para a fomentação de novos
negócios e oportunidades. As empresas que pretendem se destacar em seus
mercados, precisam estar bem amparadas tecnicamente, contando com o auxílio de
profissionais altamente capacitados, nas mais diversas áreas (contábil,
jurídica, administrativa, produtiva, entre outros), pois somente desta forma
conseguirão achar meios de conseguir manter suas taxas de retorno pretendidas,
dentro da legalidade da lei."
Planos de expansão
A empresa possui metas de crescimento
a médio e longo prazo, porém neste exato momento de economia retraída, os
planos de longo prazo estão sendo postergados, e até mesmo os planos de médio e
curto prazo estão sendo constantemente reavaliados até que o ritmo de
crescimento da indústria retome níveis aceitáveis.
MF Indústria de Máquinas
Ailton Bitencourt - CEO MF Indústria de Máquinas
Fundação
Situada no Distrito Industrial,
pode-se considerar como uma empresa familiar. Fundada em 19/11/2007.
Produtos
Especializada na criação e construção
de máquinas para classificação de frutas e legumes. Pioneira na criação de
máquinas eletrônicas, no país, com regulagem on line. Emprega em torno de 30
pessoas diretamente.
Mercado
Atua nos estados de Santa Catarina,
Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Possuí uma filial (venda e
manutenção) em Pilar do Sul – SP.
Capacitação dos seus funcionários
Emprega jovens fraiburguenses no
programa jovem aprendiz. Eles mesmos treinam seus colaboradores.
Dificuldades que enfrentam
Para o fundador, Ailton Bitencourt:
"sempre tivemos uma boa relação com todas as instituições e principalmente
com o poder público, todavia, enfrentamos algumas carências. O SENAI, ao qual
se instalou aqui é fundamental para nossa empresa, porém, precisa-se de algo
mais. Necessitamos, por exemplo, de uma boa faculdade de engenharia ou
mecatrônica, algo neste sentido. Outro problema que enfrentamos, além da
alta tributação no Brasil, seria as dificuldades impostas. Além disso, nossa
cidade precisa diversificar, sair um pouco do cultivo da maçã. Outra coisa que
a gente percebe nos locais onde atuamos é o incentivo. Veja, Pilar do Sul (SP),
por exemplo, lá o secretário de agricultura arruma destino para a produção
agrícola do município. É a secretaria daquele lugar que escolhe o que os
produtores rurais vão plantar e posteriormente, ajeita os negócios para eles.
Que ideia boa!"
Planos de expansão
Eles seguraram um pouco os
investimentos devido a crise.
Macçã Indústria e Comércio de
Derivados de Maçã
Fundação
Oriunda da ideia empreendedora de
Ariovaldo Soltoski e de sua esposa Rosana Ziolkowiski Soltoski, neta do
fundador da cidade - Rene Frey, a empresa surgiu depois de Ariovaldo andar por
entremeio aos pomares de maçã e ficar impressionado com a quantidade de frutas
desperdiçadas, as quais ficavam espalhadas pelo chão. Foi então que, com o
intuito de aproveitar esta sobra, em 1981, nasce a Macçã. Começaram suas
atividades com somente um funcionário e nos fundos do Hotel Renar,
posteriormente passaram para o Hotel Fraiburgo e hoje estão muito bem
instalados no Bairro Nações.
Produtos
A empresa produz maçã desidratada em
vários tipos de cortes tais como maçã pra chá, cereal e diversos tipos farinha.
O negócio deu tão certo que eles acabaram migrando para outros alimentos, tais
como as farinhas de banana verde, mandioquinha (batata salsa), feijão, batata
doce, tomate, beterraba, amora, farinha de laranja. Atualmente contam com a
colaboração de 84 funcionários.
Buscando a integração, eles adquirem
matéria prima da região e somente quebram essa regra, quando não tem produto ou
estão em entressafra. O negócio processa em torno de 6000 toneladas de matéria
prima e disso tudo. 4500 é de maçã.
Para ser lançado no mercado, cada
produto Macçã passa por um ano de testes. Muito da produção vira também insumo
para outros produtos famosos no mercado. Na linha de produção, até ficar pronto
para o consumo, os itens demoram 24hs, saindo do preparo até o empacotamento,
tudo sob uma rigorosa fiscalização. Os resíduos também são reutilizados, sendo
que das cascas e dos caroços, eles os vendem e vira ração. Além disso, estão
investindo em uma linha fitness, a linha Nutri Rítmica, ótima para quem quer
manter a forma.
Para o CEO da empresa, Ariovaldo
Soltoski: "a qualidade é tudo em nossos produtos. Quando compro a matéria
prima, vejo até a questão de contaminantes, pois alguns clientes não querem
alguns tipos de substâncias, tal como o agrotóxico na hora do cultivo. Outra
coisa importante é a questão da rastreabilidade do produto. Se você pegar um
pacote do nosso desidratado, saberás de onde vem, é o caso da maçã por exemplo.
Queremos fazer isto com todos os produtos."
Mercado
Atendem o mercado interno, focando no
sul do país. A empresa não trabalha com importação, nem exportação.
Capacitação dos seus funcionários
Temos um engenheiro de alimentos que
ensina e recicla periodicamente os profissionais e todos que entram são
treinados. Quem trabalha na entrada da fruta, por exemplo, permanecerá lá, não
trabalhamos com rotatividade de funcionários. Em seus quadros, eles possuem
colaboradores com 12 anos de casa.
Dificuldades que enfrentam
Como boa parte das empresas no
Brasil, a grande queixa é falta de flexibilização da legislação. Ariovaldo
comenta: "o país precisa de uma mudança na legislação, afinal, ninguém
quer prejudicar o funcionário. Apesar de não temos problemas trabalhistas na
Macçã, sentimos falta de uma maior liberdade. No Canadá, por exemplo, é
convencionado entre empregado e patrão a jornada de trabalho. Este é só um
exemplo. Uma mudança no Brasil passa por uma consciência maior, por parte da
população, sobre os seus direitos e obrigações. Outro problema é a questão da
alta tributação e além disso, o imposto não retorna para a região onde é pago.
Mas creio eu que, nosso país vai acordar. Quanto a Fraiburgo, o problema que
percebo é saber como atrair grandes empresas. Quando uma empresa entra, ela tem
de ter vantagens para começar a gerar empregos e não adianta definir área
industrial, cede-la, se não existe uma estrutura adequada. Veja bem, fomos
convidados por Caçador para instalar nossa empresa lá. Eu pensei em ir para lá,
movido pela produção de tomate, cebola e temperinhos que a cidade possuí. O
prefeito veio até nós e insistiu muito. Cedeu uma área para que montássemos
nosso negócio, isto foi há 8 anos atrás. Fiquei impressionado com a atenção que
obtivemos. Lá, senti muita receptividade. Mas ao final, optamos em ficar aqui
em Fraiburgo. Assim, veja quantas empresas se instalaram em Caçador e Curitibanos
nos últimos tempos Hoje, para se montar algo, necessita-se de muito estudo
sobre a viabilidade. Não sei como fazer para trazer atividades
secundárias e terciárias para Fraiburgo, mas a verdade é que temos de sair da
produção primária."
Planos de expansão
Sem pretensão por enquanto de
instituir alguma filial, ficam na pesquisa de outras linhas de produtos. No seu
leque de preocupações está também o meio ambiente, contam com poderosos filtros
e o esgoto sai limpo. Seus desidratados já se encontram na rede de Lojas Dufry
em aeroportos de todo o país.
MBM (CM) Móveis
Fundação
Foi quando Cláudio Ney Mendes saiu da
Renar Móveis para produzir produtos para atender aos anseios daquela fábrica,
que começou a realização de um sonho. Em 2007, nascia uma das maiores empresas
terceirizadas da região pra atender as gigantes do ramo moveleiro. A NBN aos
poucos vem se consolidando e se tornando grande também.
Produtos
Produz móveis de madeira sob medida,
componentes para móveis tipo exportação e conta com uma linha colonial
própria. Gera 22 empregos, mas já contou com 80 colaboradores. Possuí 50
máquinas na ativa.
Mercado
80% do faturamento da empresa vem de
produtos feitos para exportação (abastece as gigantes).
Capacitação dos seus funcionários
Dificuldades que enfrentam
Cláudio Ney Mendes: "todo mundo
ganha quando a gente valoriza Fraiburgo. Eu e nossos colaboradores, vivemos
aqui e compramos aqui. Nossa cidade, assim como no Brasil, é movida pelas micro
e pequenas empresas. Em Fraiburgo, temos um comércio muito forte que sem dúvidas
é outro grande aliado, além da maçã, ao qual abocanha uma boa fatia do mercado.
A maioria dos meus clientes de móveis sob medida, são do próprio comércio. Por
isso, as empresas em Fraiburgo deveriam cotar para comprar aqui. Minha sugestão
é que todo a empresa de Fraiburgo, a qual sobreviva daqui, deveria ter uma
espécie de selo verde demonstrando que gasta aqui também. Assim, o dinheiro
fica na cidade. Os funcionários são daqui, gastam aqui, investem aqui e pagamos
nossos tributos aqui. Quem empreende em Fraiburgo, pensa e quer que a cidade vá
para frente. Assim como no resto do Brasil, também sofremos com a tributação
elevada. Outra ideia seria que, antes de cobrar tributo e exigir algo de uma
empresa, o poder público como um todo, deveria ver a realidade, a situação
financeira do pagador, assim seria mais justo. Aplicar a lei é fácil mas a
realidade é outra. A modernidade também não deixa de ser um problema, pois cada
máquina nova criada, perde-se vagas de emprego.
Planos de expansão
Por enquanto estamos parados.
Girasol Atacadista
Fundação
Situada no Bairro Salete, esta é mais
uma pequena empresa em Fraiburgo com um ótimo potencial de crescimento. Criada
em 2001 com o intuito de atender uma deficiência que as fábricas do Espírito
Santo, Minas Gerais e Pernambuco tinham nas suas logísticas, em relação ao sul,
esta é a Girasol Atacadista e eles empregam 20 pessoas.
Produtos
Foi um investimento de coragem e o
carro chefe da empresa são as louças para banheiros e cozinhas.
Mercado
Atendem os 3 estados do sul e
atualmente já contam com uma filial em Rio Negro (PR).
Dificuldades que enfrentam
Segundo o proprietário Marcio
Domingos de Costa : "atendemos o mercado do sul do país e diretamente
empregamos 20 pessoas. A grande dificuldade que enfrentamos seria a burocracia
e também o excesso de tributação. Veja bem, no estado do Rio Grande do Sul
temos uma alíquota, em Santa Catarina trabalhamos com outra e assim
sucessivamente, cada estado possuí a sua. Isto dificulta."
Planos de expansão
Estamos ampliando a empresa no Paraná
estamos indo para Ponta Grossa, Londrina e região metropolitana de Curitiba.
Frigorífico Bel Borrego
Fundação
O Frigorífico Bel Borrego Ltda ME surgiu
em 2012, com a criação de ovinos de alta genética, destinados à produção de
carnes nobres, com alto padrão de qualidade. A ideia veio do senhor Angelo
Benincá e de sua família. A definição da palavra borrego é: carneiro novo
que já pode procriar. Então, basicamente, essa é a matéria prima da empresa.
Atualmente, a Bel Borrego está em plena expansão e conta com o auxílio
de 10 colaboradores.
Produtos
De gosto inconfundível, a empresa
produz com muita qualidade e fiscalização rígida, cortes de carnes nobres de
cordeiros e embutidos. Da sua linha de produção saem o Salame Colonial Suíno
Puro, o Salame Colonial Misto Cordeiro e Suíno, a Linguicinha Toscana Suína, a
maravilhosa Linguicinha Toscana Mista Cordeiro e Suíno, o crocante Torresmo e a
Banha.
A Bel Borrego é especializada também
no fornecimento do tradicional Michuim, um prato de origem do
norte-africana (Argélia), entretanto alguns designam à Arabia sua origem,
mas que chegou em Fraiburgo através dos franceses. O alimento incorporou a
culinária de Fraiburgo e já está ganhando o Brasil, tornando-se típico em
eventos.
Mercado
Somente mercado interno, em Santa
Catarina, mas já cogitam a ideia de exportar. Atendem clientes como:
Resort Hotel Costão do Santinho (Florianópolis), Hotel Paraíso ( Piratuba),
Hotel Renar (Fraiburgo) e para os demais que apreciam a deliciosa carne de
cordeiro. Empresa 100% fraiburguense que investe e dá retorno aqui.
Capacitação dos seus funcionários
Contam com o auxílio de entidades
para capacitar seus funcionários.
Dificuldades que enfrentam
A dificuldade que a empresa enfrenta
seria o fato do brasileiro ainda não explorar tanto a carne de cordeiro. As
pessoas tem um certo preconceito ainda, em consumi-la. A intenção principal e o
foco de atuação é quebrar esse paradigma, fazendo com que as pessoas comprem e
saboreiem a deliciosa carne de cordeiro, que aliás possuí grande valor
nutricional.
Planos de expansão
Não possuem filiais. Buscar novos
mercados em grandes centros, como: restaurantes, hotéis, dentre outros para
expandir cada vez mais o negócio.