Houve um tempo
A gente ouve tanto falar, nestes tempos de vergonha nacional, de empresas como a JBS, a mais mesquinha no momento e a Odebrecht, como criminosas na relação político/setor privado e portanto, principalmente para a imprensa, são taxadas como inimigas públicas número um do Brasil, que nós do interior esquecemos que aqui também temos exemplos claros disso. Puxando minha memória, lembrei de um tempo em que, em uma pequena cidade vizinha por estas bandas, tivemos algo parecido.
Quem vive a política sabe de uma grande empresa a qual mantinha financeiramente alguns campeões de votos, em Santa Catarina, isto ocorreu há um bom tempo atrás. Ela era a fonte na qual se abasteciam alguns dos grandes líderes catarinenses, principalmente, da nossa região aos quais se refestelavam no dinheiro dela. Deputados Federais, membros da ALESC, candidatos a prefeito e até vereadores pediam "benção" para este empresário, antes das eleições. Era sair a candidatura e a primeira atitude na campanha: visitá-lo.
Enfim, quem tinha arrego, tinha! A empresa era uma espécie de valhacouto e tudo acontecia sob a égide do fortalecimento da região meio oeste. Se havia propina ou negociatas obscuras em troca? Aí já não sei, mas uma coisa era certa, provavelmente toda essa ajuda era em caixa 2. E realmente, parece ter surtido efeito, pois nossa região apareceu mais.
Mas, com a troca de diretor, um belo dia, a fonte secou e diante disso eu não soube mais notícias de que a empresa continuou tomando este tipo de atitude. Depois disso, eu também não sei mais onde essa turma está se abastecendo, alguns até se aposentaram inclusive, mas tenho certeza que em algum lugar outro bonzinho o substituiu.
É por estas e outras que o Data Folha fez uma pesquisa, agora em 2017, a qual demonstra que 47% dos cidadãos tem vergonha de serem brasileiros, devido a corrupção. A sensação que eu tenho é que falar de corrupção é fácil e muitos têm vergonha, mas essa vergonha evapora quando se deparam, frente a frente, com a ideologia do “gesto bondoso!”