segunda-feira, 5 de março de 2018

Lendas do esporte fraiburguense

SAULO RUDECK CAMPEÃO BRASILEIRO DE KART


 
Se tivéssemos um álbum de figurinhas, com as lendas do esporte fraiburguense essa fera, com certeza, estaria entre as peças mais importantes e procuradas. Estou falando de Saulo Rudeck, 54 anos, empresário, filho da saudosa Chiquita Rudeck e piloto de Kart. Saulo é uma lenda, pelo simples fato de ter sido campeão brasileiro de Kart, algo que ninguém conseguiu e que dificilmente alguém conseguirá, pela dificuldade que é praticar esse esporte aqui. A não ser que o próprio Saulo tenha um "Kart" na manga. Le.Sete então fez uma entrevista com esse campeoníssimo, para saber dele como foi a sua brilhante carreira.

Lê.7: Como o Kart começou a circular em suas veias? E por que o número 54 te acompanha?
Saulo Rudeck: Em 1992, eu morei em Caxias e lá conheci o Kart. Depois disso, comprei um Kart usado e junto com o Cezar, meu preparador e meu irmãozão de pistas, que já corria com o número 54, comecei a correr. Herdei dele o numeral 54.

Lê.7: Sua sala de troféus é bem recheada? Quais os títulos mais importantes?
Saulo Rudeck: Olha, tenho vários títulos conquistados, posso dizer que conquistei os melhores campeonatos no Brasil. O mais importante, sem dúvidas, foi o campeonato brasileiro, em 2003, que conquistei na cidade de Florianópolis. Entretanto, fui vice-campeão brasileiro, em Betim - MG. Fui cinco vezes consecutivas campeão catarinense. Também fui campeão da Copa Brasil, a segunda competição mais importante, a nível nacional. Fui campeão sul-brasileiro de Kart, o terceiro campeonato mais importante. Sem esquecer que fui vice-campeão pan americano. E não pense que foi fácil, afinal, os Karts eram bem diferentes, eu corria no braço, não haviam equipamentos que facilitassem as coisas, como hoje. Foi pedreira!

Lê.7: Por qual equipe você correu?
Saulo Rudeck: Equipe Mittag de Kart, da cidade de Caxias do Sul. A Equipe Mittaq é um seleiro de ótimos pilotos, vários corredores de Kart começaram lá. A equipe do Cezar é fera. 


Lê.7: Foi difícil financeiramente ser campeão?
Saulo Rudeck: Na época, eu estava em evidência e tinha patrocínios importantes, tais como a Volvo, a Arisco e a Dicave. No Kart é o seguinte, ele basicamente é composto de chassi e motor e os fabricantes destas peças me patrocinavam também. O Kart é um esporte caro e boa parte saia do meu bolso, mesmo. 

Lê.7: Chegou a correr com algumas lendas do automobilismo?
Saulo Rudeck: Cheguei a correr com Roberto Pupo Moreno e Nelson Piquet. Também corri com o Júlio Campos e o Cesar Ramos, que atualmente estão na Stock Car.

Lê.7: E por que parou de correr?
Saulo Rudeck: Parei porque a coisa aperta, a idade vem chegando. Só para você saber, quando fui campeão brasileiro eu era veterano já, eu tinha 40 anos e meus adversários tinham na casa dos 20. Parei porque não dava mais. Tive propostas para me dedicar as corridas, porém eu tinha minha empresa para cuidar. Além disso, Fraiburgo está fora do circuito das corridas, moramos longe de Porto Alegre, São Paulo e Curitiba por exemplo, o que torna as coisas mais difíceis ainda.

Lê.7: Como treinava? Já que morava tão longe.
Saulo Rudeck: Meus treinos eram assim. A minha equipe ia treinar nos lugares e me chamava e eu ia. Eu era contratado para pilotar, portanto entrava no avião levando meu capacete e o macacão e descia no local de treino.

Lê.7: Por onde andou com seu Kart?
Saulo Rudeck: Eu corri no Brasil inteiro. Corri até em Palmas, no Tocantins. Outro lugar legal que corri, foi no Kartódromo Internacional da Granja Viana - SP, mas não foi nas 500 milhas.

Lê.7: E quem foi teu maior rival nas pistas?
Saulo Rudeck: Foi um cara que até nem é muito conhecido, chamado Renato Russo. Ele foi 8 vezes campeão brasileiro e eu ganhei dele. 

Lê.7: Como é pilotar um Kart?
Saulo Rudeck: O Kart é um F1 em miniatura. Atualmente, é tudo muito acertado, os Karts têm regras rígidas a serem seguidas, tais como um peso mínimo, as peças tem suas medidas que devem ser seguidas e os equipamentos são homologados, antes do páreo. Tudo é feito para que o destaque seja o braço do piloto.

Lê.7: Sempre teve a velocidade na veia?
Saulo Rudeck: Sim, sempre tive. Há três anos atrás, eu corri no campeonato da serra e ganhei. E mesmo agora que estou parado, eu fico na adrenalina, louco para voltar e isso deve ocorrer neste ano. Hoje, surgiram categorias novas, como a super sênior master, exclusiva para pilotos de 54 anos acima. O meu preparador, Cezar Mittaq, me chamou para voltar. E vou correndo! 

Lê.7: Qual o seu pior acidente?
Saulo Rudeck: Uma vez em Farroupilha e outra em Florianópolis, não tive lesões muito graves, mas foi feia a coisa. 

Lê.7: O Kart é uma categoria considerada, no mundo?
Saulo Rudeck: Claro que é! O Kart é o maior formador de pilotos, no mundo. Alguns dos maiores pilotos de F1 sempre treinam no Kart.



Lê.7: E a saga dos Rudeck nas pistas, está terminando?
Saulo Rudeck: Não, de forma alguma. Hoje tenho minha filha que me substituiu. A Sarah Rudeck correu na categoria cadete e agora tá na júnior, na mesma equipe que eu corri. Ela reside em Caxias do Sul e está com 11 anos. A Sarah é a minha aposta no Kart. 

Lê.7: Qual sua maior velocidade atingida?
Saulo Rudeck: Uma vez, no final da reta, alcancei 192 km, isto aconteceu na cidade de Anápolis GO.

Lê.7: Mais alguma consideração sobre o Kart?
Saulo Rudeck: Só lembrar que, o Airton Senna, nosso maior piloto de F1, considerava o Kart a categoria mais difícil do automobilismo. Detalhe: Senna nunca conquistou um Mundial de Kart.